25.9.16

olhar para trás e viver o agora

O que não faltou foi vontade de escrever aqui. Tempo eu também tinha. Então não sei o que me impediu de vir aqui relatar um pouquinho do que tá rolando do lado daqui. Esses dias as responsabilidades da faculdade têm pesado muito em mim. Não que eu tenha prazos que precisam ser cumpridos agora, na verdade só preciso apresentar os trabalhos entre novembro e dezembro. Mas só de pensar nos trabalhos e em fazê-los pra agradar os professores e receber nota boa já fico nervosa. Corro logo pra colocar uma música boa pra tocar, ler um livro, assistir uma série e relaxar. Escrever esse post também está sendo aliviador. 

Apesar desse peso, muitas coisas legais estão rolando por aqui, coisas que eu sempre quis fazer mas por diversos motivos não aconteciam. Nós sempre planejamos algo, almejamos mais do que temos. Olhamos a frente. Olhar para trás normalmente é ligado a desistir, a fraqueza. Mas eu prefiro levar o "olhar para trás" com uma coisa boa. Aliás eu estou sempre olhando para trás, ás vezes até sem querer, me perco nos meus pensamentos e quando vejo estou em anos atrás. Sempre que me perguntam ou que vejo em algum lugar alguém perguntando "o que te inspira?" fico um bom tempo trazendo a memória o que me inspira. Mas tá ai uma coisa que me inspira (e eu descobri agora mesmo escrevendo o post): olhar para trás.


Nesse nosso anseio por querer sempre mais esquecemos de valorizar o que temos hoje. Alguns meses atrás, conversando com uma amiga, me veio essa reflexão. E eu falei mais ou menos o que estou escrevendo agora. Desde então sempre esse pensamento volta a minha mente. Sempre que eu começo a almejar demais e esquecer do que está acontecendo comigo hoje eu paro, respiro e olho para trás. Pensar no que eu era, no que eu fazia, no que eu desejava fazer anos atrás me motiva a acreditar que eu estou no caminho certo. 

É claro, planejar e almejar coisas maiores faz parte de nossa vida. Mas não podemos viver apenas no futuro. Vida é passado, presente e futuro. Aprender com o que passou. Valorizar o agora. Desejar o amanhã. 

E na real eu entrei aqui pra falar sobre esse episódio maravilhoso da foto aí em cima. Meus dedinhos não se seguraram e fugiram pra um rumo diferente mas que não deixa de estar ligado ao motivo inicial de eu vir escrever esse post. A foto em questão eu tirei quando fui assistir a uma partida de vôlei sentado nas Paralimpíadas. Foi um momento incrível. Fazia tempos que eu não vivia toda aquela emoção de torcer e vibrar ao vivo. Aliás, poucas vezes na minha vida isso aconteceu. Então estar ali foi ainda mais maravilhoso. Não era um jogo do Brasil, mas eu torci como se fosse. 

Esse foi um momento que eu não esperava viver. Se eu não estivesse aberta para uma mudança maior lá no início do ano, isso (e tantas outras coisas) não teria acontecido. Olhando para trás eu vejo: estou exatamente onde eu deveria estar. 

1.9.16

setembro e situações

Eu não sei se as pessoas queriam muito que agosto acabasse ou queriam muito que setembro começasse, só sei que a galera tava insistindo numa de agosto eterno que eu eu não vivi. Pelo contrário, passou foi muito rápido. Talvez pelo fato de eu estar vivendo o agora e não o depois. Quando você vive o agora você não sente a vida passar. Quando você se dá conta, passou. E isso é muito bom, quando você está realmente vivendo. Fazendo valer cada segundo. 

Hoje voltando pra casa presenciei uma situação que me fez pensar. Estava no ônibus quando entrou um senhor, ele passou o cartão na máquina e o motorista precisava validar pra ele passar na roleta. O senhor continuou tentando passar mas roleta estava travada (o motorista ainda não tinha liberado). Como passou um tempo e a roleta não foi liberada o senhor precisou passar o cartão de novo. E outra vez ele tentou passar na roleta mas o motorista não tinha liberado. Ele pediu para o motorista liberar a roleta, o motorista simplesmente falou que ele tinha que esperar (em um tom de voz bem alterado), o senhor explicou que estava pedindo pois era a segunda vez que ele passava o cartão, o motorista em tom de voz mais alterado que na primeira vez disse que o problema era dele. Bem com essas palavras. "O problema é seu". Enfim eles ainda levaram alguns minutos de bate boca.

De toda essa situação o que mais me chamou a atenção foi "o problema é seu" e a força dessas palavras juntas. As palavras tomam sentidos diferentes acompanhando as diferentes combinações. A combinação dessas quatro palavrinhas é muito pesada. Ouvir aquilo, mesmo que não fosse direcionado para mim, me deixou muito mal. 

Ultimamente tenho tentando ao máximo me colocar no lugar do outro. Me ver no outro. Naquele momento eu tentei me ver em cada um deles. O motorista e o senhor. Olhando pelo ponto de vista do motorista, talvez ele estivesse em um dia ruim, talvez não fosse da vontade dele estar ali, trabalhando com aquilo, enfrentando trânsito. Por outro lado, talvez também não fosse da vontade do senhor estar ali, pegando um ônibus, enfrentando trânsito (mesmo que de um modo diferente do que o motorista). 

Nós temos o costume de procurar uma base justificar nossas atitudes por mais abusivas, erradas, más, que elas sejam. Achamos que nós sempre temos um motivo para estar estressado. E para descontar esse estresse em outras pessoas. Achamos ainda que o motivo de estarmos estressados é maior (mais válido) que o motivo do outro estar estressado. Ou seja, tomei uma atitude errada com você mas olha a minha situação, enfrento o trânsito todos os dias. E ai o outro vem e diz, mas isso não justifica, eu passo por isso isso isso isso (e ai ele vai dizendo algo que ele acredita ser pior do que o que o outro sofre). 

Nós precisamos parar de procurar justificativas para nossas falhas. Muitas vezes isso acontece involuntariamente. Mudar nossas atitudes é difícil, e envolve uma luta diária contra nós mesmos. Achamos facilmente um motivo para justificar nosso erro em relação ao outro. Que tal procurar um motivo para justificar nosso acerto em relação ao outro? Imaginar algo que te fez feliz naquele dia (sempre tem algo, por menor que seja) e pensar como levar essa felicidade para o outro. Chegar um pouquinho pro lado no ônibus/metrô/trem cheio pra pessoa que está apertada do seu lado ficar um pouquinho mais confortável, segurar a mochila de alguém que está em pé, deixar que aquelas palavrinhas mágicas que aprendemos na escolinha saiam facilmente, ceder o lugar para alguém que parece mais cansado que você, atitudes simples que podem SIM fazer a diferença na vida de alguém.